Domingo, 16 de Outubro de 2005

SOBRE O FAMOSO EMBARGO

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Não é a primeira vez nem deve ser a última - a jornalista Helena Matos, do jornal “Público”, excita o nosso companheiro Evaristo que arreia na senhora pela medida grande. O que só dá méritos equivalentes à jornalista e ao blogger pois, pelos vistos, estão bem um para o outro ao nível da “descasca”. Enquanto Helena Matos desmonta mitos consagrados da esquerda tradicional, o caro Evaristo, em vez de aceitar os reptos dela que nos puxam pela prova das convicções e de algumas inércias de estereótipos, desanca por via da indignação escandalizada dos ofendidos. Mas, convenhamos, nas polémicas entre ambos, sobram mais, apaziguadas as marés, os argumentos discutíveis mas não rebatidos de Helena Matos e as excomunhões iradas do Evaristo.

No caso do artigo de hoje, julgo que Helena Matos, mais uma vez, tem razão. Podemos discutir até à infinidade das repulsas, a estupidez prolongada do embargo/bloqueio comercial dos Estados Unidos a Cuba. Mantenho a opinião pessoal já aqui expressa que, do ponto de vista da abertura e democratização da ditadura cubana, era muito mais vantajoso e eficaz que ele (o embargo/bloqueio) não existisse. Sobretudo, porque representa o principal álibi da propaganda castrista. Também, porque um maior intercâmbio comercial cubano-americano redundaria numa maior normalização da dinâmica de oferta e de procura dos cidadãos cubanos e o seu mercado interno, provavelmente, teria menos justificações para se basear e escassear nos “lojas do povo”. Mas a denúncia, do ponto de vista do anti-imperialismo inscrito nos pergaminhos da ideologia do castrismo, adoptados como bons pela esquerda tradicional e saudosista, não faz sentido. O embargo americano aplica-se aos produtos americanos mas o resto do mundo continua livre para comerciar com Castro. O que o embargo tira a Cuba é ver-se infestada pela àgua suja da Coca-Cola, pela carne ordinária da MacDonalds, pelas bombas de gasolina da Texaco, pelos portáteis da Apple e pelos supositórios da Pfizer. E essas carências são assim tão más para os revolucionários cubanos? Não são compensados com os estreitíssimos laços comerciais com a China e a Coreia do Norte? Com os enormes investimentos espanhóis na Ilha (sobretudo na área do turismo)? Com o acesso a todos os produtos de tecnologia europeia? Com a ajuda generosa do petróleo de Hugo Chavez? Com a venda, para todo o mundo generoso, das t-shirts de Che? Com as “bancas” de sucesso garantido nas Festas do “Avante”? Com a venda dos direitos de autor dos seus famosíssimos manuais e livros de estilo “à cubana” sobre como fazer jornalismo livre e independente?



publicado por João Tunes às 00:32
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