
Numa sequência de quatros posts, sob o tÃtulo “De homem para homem”, o
Manuel Correia, a pretexto do filme (em exibição) “Man to Man” de Régis Wargnier e da odisseia dos dois pigmeus, Toko e Likola, que em 1870 serviram para estudo da “evolução das espécies”, aborda a nova moda (socrática, mas não só) de considerar a “defesa dos direitos adquiridos” como coisa de conservadores passadistas ou mesmo de reaccionários (no sentido genuÃno de combatentes contra o progresso). E resume a sua preocupação-alerta (que era onde ele queria chegar):
“Sem direitos, fica-se à mercê de qualquer despotismo. Gigantes ou pigmeus, brancos, amarelos, negros ou vermelhos, perdemos, com os direitos, a razão fundamental pela qual aprendemos a respeitar-nos uns aos outros. Passado o limite, não há civilização que valha!”Aconselho que se leiam os posts do
Manuel Correia. Porque esta coisa dos slogans (sabe-se isso do marketing mais inspirado), num meio em que o debate de ideias se vai desertificando, tendem a pegar como ferrete em anca de animal da lezÃria. Um iluminado sobre contas públicas, por exemplo, lança uma máxima, os pragmatistas acenam com a cabeça e propagam-na como uma fatalidade dos tempos modernos, arrumam-se os renitentes com novo ferrete (o do passadismo conservador) e quando damos por ela já só somos animais com préstimos reduzidos à s entradas para as voltas de cortesia e recolhemos aos curros durante as artes maiores e sem direito, pelo menos, a demonstrarmos valia através de uma nobre
faena.
Direi até, e se o
Manuel Correia permite a redundância relativamente ao quase tudo que disse, que, por este andar, na espiral reducionista e relativista dos patamares subidos a pé sofrido (não falo em mordomias e em privilégios, assunto outro), qualquer dia, os próprios
”direitos humanos” são revogáveis em nome da modernidade liberalóide (ou seja, a leitura analfabeta e oportunista do liberalismo). E já não termos exóticos da fibra da Rosa Parks, apenas sendo clonos de Toko e Likola.
De João a 26 de Outubro de 2005 às 23:18
Que exageros saem da boca dos amigos. Direi que gosto de vos ler, os do PUXA, em voz alta. Abraço, caro Manuel.
João Tunes, obrigado pela referência. Com o teu gesto interpretativo, potenciaste duplamente a leitura dos posts (De homem para homem, (1), (2), (3) e (4). Primeiro, porque ao reparares neles e fazeres-lhes referência, pões os teus leitores (entre os quais honrosamente os do PUXA-PALAVRA se incluem) a dar, tb, uma olhadela; depois, porque a tua escrita, e o pensamento ágil que nela passa, reforçam sempre o sentido, tornando mais próximo o entendimento do que lá vai. Assim ao jeito de «O Falador» do Vargas Llosa, unindo as tribos separadas.
Um abraço
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