Deixou-nos há cinquenta anos o primeiro Prémio Nobel português. Num país só com dois destes prémios (o de Egas Moniz, da Medicina e o de José Saramago, da Literatura), até parece que os temos por aí ás centenas, a julgar pela forma modestíssima, quase silenciosa, como a efeméride passou com pequeno rasto.
E julgo que esta forma de nos apoucarmos, por má ou nenhuma estima por quem se destaca, com mérito reconhecido, é uma evidência de como nos auto-apoucamos como povo. De poucos nos orgulhamos para além dos cromos da bola. Mais do que isso, pela tendência para a queixa, quando não lamúria, preferimos falar e lembrar as nossas misérias e desgraças. E como estas não são poucas, nelas nos gastamos e com elas nos envergonhamos.
Egas Moniz, como político (que o foi, interventivo e a marcar várias épocas) e como médico-cientista, foi uma das grandes figuras nacionais (como neurologista, foi e é uma celebridade mundial) pela sua dimensão e pela forma polémica e com percursos sinuosos, como interveio nessas áreas. O seu percurso político tem fases de progressismo e recessões ultramontanas de conservadorismo serôdio e propensão autoritária. A sua actividade científica e as suas práticas como médico neurologista, que lhe valeu o Nobel é não só elogiada como altamente contestada, em que muitos exigem até que o Prémio lhe seja, postumamente, retirado (por causa das vítimas da lobotomia).
Recomendo a consulta do blogue que o
Manuel Correia dedica à vida e obra do
Professor Egas Moniz.