Estou para aqui encostado ao rio. Rio que gosto mas que, volta e meia, me chateia pelo que separa. E uma ponte é demais quando nos apetece juntar margens. Por isso, ideia minha, os rios também deviam gozar feriados.
Hoje, por exemplo, apetece-me um bife na Portugália. Daqueles em piscina de molho na frigideira. Não valem nada, eu sei, mas gosto. Porque é um bife de ritual. Depende de ter boa companhia. Porque se um alentejano nunca canta sozinho, eu recuso-me a comer um bife na Portugália com uma imperial cheia de espuma feita de tara solitária.
Tarda nada, vou dar balanço à hélice. Arrancar, lá isso arranco, esfalfe o que esfalfar. Chegar, isso já depende de o rio não me tropeçar o caminho. O bife que aguente. Mais o molho. A imperial também. A companhia é que não. Prometo chegar. Só tenho é que, antes, vencer o rio.
Adenda: Cheguei, chegámos, comi, comemos, vivi, vivemos. A ordem de trabalhos foi extensa mas cumpriu-se (sem conclusões nem moções, como é próprio de gente livre). Um prazer de uma tertúlia catita. Dá prazer, enquanto se dá ao dente, sentir muitos neurónios a trabalharem ao mesmo tempos, cada qual com a sua cor, sua experiência e seu caminho. Foi um enorme prazer a vossa companhia, Marco, Lutz, Raimundo e Guida (sem links).
PS - Não comemos sobremesa. Ninguém quiz ou quem quiz teve vergonha de denunciar o fraco por guloseimas. Mas eu, pela minha parte, confesso que, da Portugália saído, rumei a uma famosa fábrica de doces sofridos e bem sofridos e por lá estive até noite dentro. No fim, só no fim, souberam-me a riso rasgado de orelha a orelha. Há dias assim. Há que aproveitá-los. Mesmo que, no caso, tenha tido de pagar com as unhas que por lá me ficaram todas roidinhas (só as das mãos, precise-se).