Corre-se o risco de termos uma máscara no Palácio de Belém. Depois de tanto ter mudado em Cavaco durante a campanha, como podemos saber o que resulta deste desgastante e violento (com probabilidades de ser ego-destruidor) jogo de transmutação? Cavaco volta a ser o Cavaco que conhecemos da governação ou ficará para todo o sempre em recalque auto-flagelado das suas convicções? Podemos até ter um terceiro Cavaco e aqui com a probabilidade de o resultado híbrido ser pior que as partes. Nenhuma destas hipóteses é boa moeda. E pior que ter um mau Presidente é não se saber quem vai ser e o que vai ser o Presidente.
Qualquer personalidade saudável não aguenta a violência a que Cavaco se sujeitou para ganhar a eleição. Só uma personalidade retorcida, cínica e com a capacidade do fingimento da oportunidade, faz e sobrevive, com saúde (a saúde dos doentes), este jogo de representação caça-votos. Acredito na boa saúde de Cavaco. Logo, ou ele desiste ou não aguenta a presidência sendo Presidente, e entrega o país à matilha da sua corte de apoio, remetida agora ao papel de não rosnarem para não se perceberem os latidos.
Para ele e para nós, o mais saudável ainda é Cavaco não ser eleito.