Quinta-feira, 1 de Dezembro de 2005

PENITÊNCIA PRIMO-DEZEMBRISTA

Iberia.JPG

Não vi ninguém demasiado feliz nem especialmente eufórico a comemorar esta quinta feira de folga. Não me apercebi de bandeiras na mão, marchas por avenidas, malta a cantar o hino, garrafas de champanhe na mão, nem ouvi foguetório. Vi corridinhas a fugir da chuva, chapéus de abrigo da dita virados com as varetas ao léu, vi corropios para compras do consumismo natalício, vi cinzento a fugir para o escuro, notícia de que o chão abanou com grau 4,5 lá para o Centro (mas isso são os intestinos da terra com flatos sísmicos). No final do dia, noite metida e já de pijama e chinelos, sentiu-se o enfado da malta televisiva, em purgatório eleitoral, a aturar o Chico Evangélico com a Bíblia-Bloco enfiada no punho levantado.

Talvez, vendo bem, hoje tenha sido um dia de não se trabalhar por castigo. Porque, lá pelos meados do Século XVII, fizemos grossa asneira e perdemos a grande oportunidade de podermos ser, agora, Região mimada, autónoma claro, pressionando as Cortes que se não nos deixam ser tão desenvolvidos como a Catalunha, dá-nos a veneta, arregaçamos mangas, aguçamos os punhos e ameaçamos ser independentes.

Uma asneira não se comemora, não é? Foge-se da chuva e castiga-se a cabeça, ouvindo Louçã.





publicado por João Tunes às 22:16
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5 comentários:
De luikki a 2 de Dezembro de 2005 às 23:08
os galegos, os catalães e os bascos há muito que se livraram dos castelhanos.....
e não tarda nada que sejam nações independentes!!!!


De Carlos Indico a 2 de Dezembro de 2005 às 17:55
Odete : o problema não é Espanha, que é uma ficção, só existe admnistrativamente, é Castela.Pelo menos é a opinião dos Catalães. Recordo-me das Palavras de Jordi Pujol num S. João no Porto.Agora que a Europa se está a construir, porque obedecer a estrangeiros, que nêm a lingua deles falam?, Rei, porquê?
Há anos o MEC dizia com toda a razão que 1ª Obra Publica que deviamos fazer era uma auto-estrada SUBTERRÃNEA para a Europa.Adiós, señorita!


De Joo a 2 de Dezembro de 2005 às 17:39
Ó Índico, pois claro, galegos, catalães e bascos invejam-nos a independência portuguesa para sacarem mais uns cobres a Madrid. Ou imagina que os galegos, por exemplo, não sabem bem como viveriam se tivessem "atirado o castelhano pela janela"? Era isso mesmo que eu queria referir, ficarmos com a inveja de não sermos independentes (e em inveja, ninguém é mais especialista que nós), ameaçarmos com a independência para acagaçar os mandões madrilenos e ir sacando uns cobres. E o défice deixava de ser nosso para ser problema de Madrid. A modos que estratégia do Jardim... Mas é claro, que este post não passou da ironia simbólica, como bem diz a Odete Pinto no outro comentário, a gente diz mal cá da terra porque gosta dela e sem ela não passa. Cumprimentos aos dois.


De odete pinto a 2 de Dezembro de 2005 às 17:20
A DIFERENÇA ESTÁ ... NA LINHA DE FRONTEIRA ...

Os “Amigos de Olivença” devem ser muito cómicos. Já terão perguntado aos naturais de Olivença se querem ser Portugueses ?
Presumo que as respostas deveriam variar entre o “sim, sem dúvida” e o “sim, custe o que custar”... (!!!)
Isto pressupondo que serão todos masoquistas. Creio, cada vez com mais evidências, que o ICEP deveria criar uma campanha para “vender” o país no estrangeiro tendo os masoquistas e os fanáticos-da-bola como públicos-alvo.
Para o público-alvo sector bola, temos 10-estádios novos-10, além de muitos outros, e bola, muitíiiiissima bola sempre nas televisões, todos os dias e a todas as horas, e também nas rádios, nos jornais, nos fundos de investimento, etc., de modo que não corre o risco de falta de assunto e de prazer total.
Para o público-alvo masoquista (trabalhadores por conta de outrem) somos “o” nicho de mercado perfeito. Está garantido o paraíso absoluto. Alguns exemplos:
1. Facilidade em encontrar casa a preços acessíveis longe de transportes públicos, perto de bairros sociais, barracas, zonas de prostituição, zonas com poucos espaços verdes e em ruas sempre com lixo, sacos plástico, etc., pelo chão;
2. Mesmo que os transportes públicos não fiquem muito longe de casa, estão garantidas as demoras e a falta de conforto (que pode incluir estar na paragem de início da carreira de autocarro - à chuva ou ao sol - e o autocarro estar parado mas com as portas fechadas e ninguém garantidamente as abrir);
3. Se possuir viatura própria, beneficiará de um paraíso diário e, para que não diga que não o chateamos suficientemente, garantimos que o insultamos quase todos os dias nas televisões a chamar-lhe comodista e incivilizado porque não utiliza os tão funcionais e bem planeado transportes públicos;
4. Se tiver algum problema de saúde, não hesite – dirija-se, a qualquer hora e dia, ao centro de saúde – o da Buraca é dos melhores - ou, melhor ainda, ao hospital. Quando chegar, tem muito tempo para desfrutar, muita indiferença para vencer, pouca, má ou nenhuma informação para se distrair e muito tempo de espera, para seu prazer;
5. Se ainda assim pretender maior deleite, dirija-se a qualquer serviço de atendimento público – sugerimos, por exemplo, a segurança social (a da Amadora é uma das melhores);
6. Se, apesar de tudo, não se considerar satisfeito, ainda lhe lembramos todos os dias que está no país mais pobre e subdesenvolvido da Europa, no país onde se dedica menos atenção aos filhos, onde morre mais gente na estrada, onde há mais alcoolismo, mais sida, etc., enfim, onde há mais de tudo o que é pior e menos do que é melhor - para seu inteiro prazer ...;
7. Se gosta de praia, saiba que temos praias com lixo, esgotos a correr para a areia das ditas e, com sorte, pode até ser bafejado com esterco de porco;
8. Finalmente, se aprecia a impunidade e a informalidade (eufemismo cuja “tradução” pode ser amplamente “vivida” e apreciada localmente), então parta sem demora - há todo um país à sua espera!.
Aviso útil: Nunca ultrapasse a fronteira ! Corre o sério risco de comprar gasolina mais barata, ter sinais de trânsito maiores ou sinalizações bem colocadas, passeios rebaixados para a cadeirinha de bebé ou outras e, caso necessite, ser bem e rapidamente atendido no centro de saúde (veja lá bem que nem precisa de tirar senhas nem pagar taxa moderadora e faz logo ali, análises e até radiografias!). Além de que, tendo o país vizinho mais analfabetos (!), não lhes dão o prazer de preencher, na qualidade de sujeito passivo, os saborosos formulários para a declaração de IRS – como não há sigilo bancário, basta entregar tudo ao seu Banco. Já viu o prazer que perde ? Depois não diga que ninguém o avisou...


P.S. Como muito bem diz Maria Filomena Mónica - a propósito do criticismo de Eça sobre Portugal e os portugueses - SÓ SE CRITICA AQUILO QUE SE AMA !


De Carlos Indico a 2 de Dezembro de 2005 às 15:20
É estranho que os catalães e galegos tenham pena de não terem atirado com o castelhano pela janela!


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